Que bom seria jogar uma regra, um combinado, um objetivo na mesa do café da manhã e não precisar repetir tudo de novo no almoço, no jantar, hoje, amanhã, em 2020. Que bom seria falar apenas uma vez. Mas não. Vida da mãe, pelo menos daquelas que conheço, não é tão simples. E quando todas sonham por mais paciência, mais calma, mais paz de espírito, eu sonho por mais consistência.
Quando os filhos são pequenos, o maior desafio é a hora de dormir. Eles chamam. Você vai. Eles querem atenção. Você dá. Eles sentem calor, sede, fome, medo. Você está a postos para resolver. Um dia, você sai desse transe e percebe que hora de dormir é para ficar na cama, em silêncio, seja com medo, com sede ou com fome. Só assim você encontra tranquilidade para tomar banho ou jantar. A partir daí, você passa a ser consistente com a regra: hora de dormir é hora de dormir.
Mais tarde, eles pedem outras coisas. Querem mais. Sempre mais. Na feira, para dar um exemplo recorrente aqui, eles pedem pastel. Você dá. Logo em seguida, pedem tapioca. O combinado é uma coisa apenas. Pastel ou tapioca. E, mais uma vez, rezo pela consistência ou, na semana que seguinte, estarei comprando pastel, tapioca e caldo de cana.
A questão (na teoria, claro) é simples. Eles vão crescer e, se você não tiver consistência e firmeza com as regras, as demandas – os pitis, os ataques, as dores de cabeça – crescerão com eles. Isso vale para tudo. E não só para demandas por atenção e consumo.
No ano passado, para que minha filha mais velha se organizasse nos estudos e melhorasse as notas, fizemos planilhas, traçamos metas, estabelecemos objetivos e ajustamos com ela cada detalhe à medida que sentimos necessidade. Ficamos juntos. Marcamos território. Não deixamos a coisa rolar solta. Nota dez! Para ela e para nós. Ingenuamente, achamos que o serviço estava pronto e acabado, que ela começaria esse ano fazendo suas próprias planilhas e traçando suas próprias metas. Mas não. Sem nossa consistência ali, a receita quase desandou. Tivemos que retomar, fortalecer e recomeçar.
Com a segunda filha aconteceu o mesmo. Desde que seu mundo foi alfabetizado, combinamos juntas que leitura é algo obrigatório aqui em casa. Pode escolher o que quer ler: livro, gibi, jornal, bula de remédio, rótulo de shampoo. Mas é preciso ler diariamente. Tudo começou bem e se manteve bem até… eu parar de perguntar, me interessar e cobrar. Quando achei que ela já estaria no automático, que não precisaria mais do meu olhar de águia-mãe, lá estava ela grudada no celular. Volta a regra, volta o combinado, resgata a consistência. E, em dez dias, estamos no segundo livro. Yes!!
E consistência, termo tão em voga quando o assunto é educação infantil e maternidade, funciona assim: se as crianças sabem com clareza quais são as consequências para as ações/comportamentos, é provável que tenham comportamentos/ações mais adequados. Então, por mais chato que pareça ter tantas regras, elas são imprescindíveis para a formação desses humaninhos.
Ah, e consistência não significa que não há conversa, negociação e flexibilidade. Tudo isso pode acontecer desde que a gente também saiba onde quer chegar e quais são os objetivos das regras e dos combinados. Onde não existe negociação, o adolescente sente raiva, rancor, medo a ponto de usar sua energia e criatividade para descobrir como burlar, sabotar, disfarçar. Consistência significa acreditar naquilo que você está fazendo e fazê-lo sempre.
E, para finalizar, costumo brincar que, se erro com meus filhos, erro com segurança. Então, foco, fé e consistência, minha gente!
Como estimular, incentivar e fortalecer nossas filhas? Clique aqui.