Vida de Menina

Quando a adolescente pede para fazer terapia

Antes de a adolescência bater na minha porta, achei que minhas filhas conversariam comigo sobre tudo, a qualquer hora, o tempo todo. Eu, a mãe, seria a confidente, a amiga, a pessoa com quem ela dividiria cada drama, cada questão, cada angústia. Acontece que a adolescência chegou e eu não ocupei esse lugar. Não por não querer, embora muitas vezes, na correria da vida, falte tempo e paciência. Mas porque mãe nem sempre é a amiga com quem a filha quer se abrir. Por mais intimidade que tenha, existe uma barreira de vergonha, de medo, de reserva. E precisamos aceitar e respeitar. Minha filha mais velha, mega-hiper-blaster-reservada, do tipo que não tira foto e quando tira não posta, me pediu para fazer terapia. Queria se abrir. Queria se abrir com outra pessoa. Queria, segundo ela, falar sem ser avaliada, julgada, criticada.

Coloquei o rabinho entre as pernas, recuperei do golpe e marquei hora com a psicóloga que ela gosta, confia, admira. Mas, nem sempre, o caminho até uma terapia surge naturalmente, nem sempre a adolescente reconhece que conversar com um profissional a faria bem, nem sempre ela aceita a sugestão dos pais. Considere estes pontos, caso acredite que sua filha precisa dessa ajuda:

– É NORMAL! Ainda hoje existe muito preconceito em torno de terapia. Há quem a veja como um tratamento para pessoas problemáticas, esquisitas, difíceis. Portanto, o primeiro passo é tirar o estigma, mostrar que todo mundo tem problema e pode se beneficiar. Mais, terapia é uma porta para o autoconhecimento, o que só faz bem, promove o crescimento e ajuda a se entender numa fase tão cheia de desafios.
– POSSO PEDIR AJUDA! Ao perceber que a filha precisa de uma terceira pessoa para lidar com certas questões, muitas mães se sentem diminuídas, enfraquecidas, fragilizadas. Antes de se colocar nesta situação, saiba que você é a mãe e tem, neste papel, um escopo enorme e interminável de questões que são só suas e de sua filha. Porém, há um outro universo do qual você não precisa ter a competência para administrar. Isto não te faz pior, menor, menos preparada. São só papéis e questões distintos.
– NÃO É PARA SEMPRE! Ou até pode ser. Mas é importante a adolescente saber que a terapia pode ser muito útil e necessária por um tempo, por muito tempo, ou por diversos períodos de tempo ao longo da vida. Isto não significa que, ao começar, ela estará amarrada para sempre àquela cadeira ou àquele profissional. Não raro, as pessoas começam com uma psicóloga e trocam até encontrar a pessoa certa para aquele momento ou aquela questão. Minha filha mais velha já fez por períodos distintos, parou e retomou ao sentir necessidade. Ou seja, para funcionar, é preciso se sentir à vontade e com vontade. Só assim, o resultado é positivo.

Um mini manual de como lidar com sua pré-adolescente.