O cigarro eletrônico, aquele que parece uma caneta e faz com que o fumante libere um montão de fumaça a cada tragada, não é novo. De uns sete anos para cá, muitos fumantes de longa data adotaram o brinquedo na tentativa de largar o vício ou reduzir o consumo do cigarro comum. O que é novidade agora é que esse vaporizador, como também é conhecido, caiu na graça da turma que nunca experimentou um cigarro de verdade, os pré-adolescentes e adolescentes.
O cigarro eletrônico tenta imitar em forma e função o cigarro tradicional. Ele tem o formato de uma caneta e, dentro, traz uma essência líquida, quase sempre com nicotina. O barato, segundo seus defensores, é que ele oferece a nicotina – na quantidade que cada um desejar – sem expor o fumante às substâncias cancerígenas derivadas do tabaco.
Os adolescentes pegam carona nestes argumentos falsos, pois o vaporizador tem sim substâncias nocivas à saúde e viciantes no longo prazo. Eles também curtem o fato de ele não deixar o cheiro característico do cigarro nas roupas e nos cabelos. Ou seja, papai e mamãe não vão notar.
Os médicos alegam que o cigarro eletrônico é prejudicial e é fumar, simples assim. Muitos especialistas ainda acreditam que ele pode ser a porta de entrada dos jovens até o cigarro comum. O argumento é que quando a caneta eletrônica ficar fraca, cara demais ou boba demais, a consequência natural será buscar o cigarro de tabaco.
Ainda não existe evidência científica que comprove que o vaporizador leve seu usuário ao vício. Porém, um grande estudo divulgado pelo National Academies of Sciences, Engineering and Medicine, instituição americana que elabora diretrizes para assuntos relativos a ciência e tecnologia, mostrou que também não existem provas de que os cigarros eletrônicos sejam seguros e não danifiquem o coração, os pulmões e outros órgãos vitais.
Em relação a seus efeitos imediatos, quem usa conta que ele deixa a garganta irritada e seca e ainda provoca dor de cabeça, tosse e náusea. Em outras palavras, bem não faz.
Como tudo que é novo, o cigarro eletrônico chega ao nosso universo cheio de controvérsias. E, nos enche de dúvidas. Quem sabe quantificar quanto dele exatamente vicia? Quem sabe se o vício vem da quantidade consumida ou se ele nasce do hábito de fumar e tragar? Mais: quem quer correr estes riscos?
Uma coisa é certa, cigarro, assim como álcool, desperta a curiosidade dos adolescentes. Eles querem experimentar, querem testar seus limites, querem fazer o que a galera está fazendo. Não há como evitar ou proibir, principalmente no Brasil, onde quase tudo pode ser comprado com facilidade na esquina de casa. Quem sabe se conhecermos o que tem disponível, nós conseguiremos orientar um pouco mais? Quem sabe…
Ah, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe o comércio do cigarro eletrônico no Brasil. Portanto, quem o consome comprou fora do país ou em lojas virtuais, muitas delas chinesas, que também trabalham sem registro, sem garantias, sem segurança. Isto posto, o risco é ainda maior. Como saber qual é a substância que colocam na essência? Qual pode ser o tamanho do estrago? Difícil responder.
E, onde tem balada, tem álcool, tem cigarro, tem curiosidade. Será que estamos preparadas para tantos desafios?