como incentivar o esporte na pré-adolescência

Como incentivar o esporte na pré-adolescência

Basta trocar o semestre que a turma aqui em casa quer trocar as atividades extracurriculares. Quem faz natação quer tênis, quem faz judô quer atletismo, quem faz tênis quer futebol. E lá vai a mãe ensandecida tentar conciliar agendas, vontades e orçamentos. É enlouquecedor. Na teoria, sei que experimentar faz bem. Uma criança de 9 anos não precisa – nem deve – escolher um esporte e praticá-lo o resto da vida. Crianças querem conhecer outras modalidades, querem testar suas capacidades, querem praticar o esporte que estiver em evidência e, claro, querem estar com os amigos durante as atividades. Isto posto, é do óbvio que, ao longo da infância, elas vão passar por este troca-troca diversas vezes. Até aí, tudo certo – faz parte do jogo e acontece na maioria das casas. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde cerca de 20 milhões de crianças se matriculam em algum esporte de competição todos os anos, 70% delas abandonam a atividade antes de chegar à adolescência. As causas variam, mas há um fator predominante: elas simplesmente perdem o interesse. A excitação de estrear a saia plissada para a aula de tênis ou o quimono novo passa num piscar de olhos.

Aqui em casa, o que me chamou a atenção neste começo de ano foi que minhas meninas não pediram para testar algo novo e, assim, ganhar novos uniformes e acessórios. Elas quiseram voltar às aulas dos esportes que praticaram um ano atrás. Esportes que elas largaram por preguiça, tédio, cansaço e, meu feeling de mãe diz, falta de motivação. Lara e Estela precisavam de estímulo, meu, do pai, dos professores. E não receberam. Nunca participei histericamente do lado de fora da quadra, mas será que deixei de torcer, de incentivar, de estimular? Acho que sim. Deixei a coisa solta. ‘Não quer ir à apresentação no clube?’ Tudo bem! ‘Não está afim de se inscrever no torneio?’ Sem problema!

Não quero que elas sejam atletas de elite. Mas ao ver as Jades, as Rafaelas, as Fabíolas nos Jogos Olímpicos de 2016, caiu a ficha que um pouco de motivação externa pode dar um impulso na motivação interna. Diante desta constatação, pesquisei formas de mantê-las envolvidas, satisfeitas e inspiradas. Pelo menos pelo próximo semestre! Veja o que descobri:

COMO INCENTIVAR O ESPORTE
1. Criança gosta de aprender e de se superar. Mas também quer se divertir no processo. Se vencer for o único objetivo, ficar em segundo lugar terá sinônimo de fracasso. Isso leva à frustração, destrói a autoestima e faz com que a criança rejeite a atividade. Aqui em casa, vejo mais alegrias quando mostramos como cada uma pode melhorar e se aprimorar. Isso, sim, é vencer. Temos agora a oportunidade de mostrar que até atletas profissionais nem sempre conquistam o primeiro lugar.

2. Filho de peixe nem sempre peixinho é. Não adianta forçar a criança a fazer o que você gosta ou gostaria de ter feito. Este é o caminho rápido para o tédio e, em seguida, a resistência. Ela precisa escolher o que gosta. Tenho um combinado com as meninas que elas devem praticar o esporte escolhido por pelo menos seis meses, gostando ou não. Acho este tempo razoável para experimentar, entusiasmar, treinar, enjoar. Antes disso, nada feito. (Exceção nesta democracia foi para a natação. Criança precisa saber nadar e ponto. Aqui não há negociação.)

3. Mostre entusiasmo e apoio durante as apresentações. Para isso, você não precisa chorar nem gritar de emoção. Mas crianças pequenas costumam dar a importância que os pais dão às atividades que praticam. Ou seja, se você não se importa, não participa, não comparece, dificilmente ela terá motivação para tal. Eu já usava essa teoria em relação à lição de casa e leitura. Agora, vou aplicar aos esportes.

4. Esqueça o comboio. Cada filho tem um talento e um desejo. Quando as meninas eram pequenas, eu ignorava as vontades delas. Ambas faziam as mesmas atividades, escolhidas por mim, juntas. À medida que cresceram, manifestaram desejos diferentes. Por um tempo, tentei mantê-las nas mesmas aulas para facilitar a logística da casa. Durou pouco. E este pouco tempo foi difícil e cheio de atritos. Acabei abrindo mão do meu conforto para garantir o prazer delas e, assim, os verdadeiros benefícios das atividades físicas.

Como disse acima, minhas teorias são novas (para mim) e ainda estou colocando-as em prática. Daqui a seis meses, conto se venci (e se o jogo com filho menino é diferente!).

A imagem é do filme Pequena Miss Sunshine.

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Mineira de Belo Horizonte, jornalista, mãe de duas meninas de 12 e 15 e um menino de 9 anos. Criadora e editora do blog Vida de Menina.

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