Falo palavrão, sim!

Em um jantar com amigos, soltei uns dois palavrões ao contar um caso e fui pontualmente reprimida pela minha filha mais velha. “Mãe, menos!” Concordei com ela. Para quê tanto palavrão? Para reforçar uma ideia? Para mostrar entusiasmo? Para dar mais ênfase a uma fala? Seja qual for a motivação, o comportamento é desnecessário. E ela tem total razão. Menos, por favor.

Ao ir para casa, pensei como falo palavrão sempre. Como meu marido fala palavrão sempre. Como nos controlamos na rua e soltamos o verbo em casa. Falamos mesmo.

Em contrapartida, não gosto quando as crianças falam. Por quê? Porque pega mal para elas, porque não é fino, porque elas não têm discernimento para saber onde podem falar (e tem lugar para isso?), porque podem usar de forma inadequada e ofender alguém e, por fim, não gosto porque basicamente pega mal para mim.

Porém, mais que os palavrões clássicos – como fxxxr, cxxxxxo, pxxxa – usados em locuções interjetivas, soltas no ar em tom exclamativo e sem um alvo na mira – palavras como idiota, imbecil, otário e retardado me incomodam muito mais. Elas parecem tolas e sem sentido, mas são mais pesadas quando atiradas na direção de um colega ou de um irmão. Elas diminuem, excluem, humilham e segregam – para usar o termo da moda. Em casa, eu não tolero.

Mas aceito muito bem um ‘cxxxxxo’, quando usado no momento certo. Afinal, existe algo mais libertador e analgésico do que um palavrão gritado ao vento quando deixamos o dedinho para trás no pé da mesa ou quando batemos o ossinho do cotovelo numa quina? Não vamos ser cínicos: há momentos em que só um palavrão em bom som salva. E nestes momentos, até as crianças estão liberadas a usá-lo – dentro da nossa casa!

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Mineira de Belo Horizonte, jornalista, mãe de duas meninas de 12 e 15 e um menino de 9 anos. Criadora e editora do blog Vida de Menina.

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