Vida de Menina

O desafio de controlar um adolescente no celular

Vivo às turras com minhas filhas para afastá-las do celular ou, ao menos, reduzir o tempo em que passam grudadas no aparelho. Perco a maioria das batalhas, embora tenha ótimos argumentos e respaldo científico. O fascínio que o Instagram e YouTube tem sobre elas é imbatível. Mas eu não desisto. Limito o número de horas, proibido o uso durante as refeições, não permito dormir com o aparelho no quarto e coloco o bloqueio automático em alguns aplicativos após um certo tempo. Ainda assim, reconheço que elas driblam as regras e perdem muito tempo e energia com bobagens. O resultado disso são adolescentes cansadas, irritadas e entediadas. Sim, profundamente entediadas. Como mãe, minha obrigação é estabelecer regras e restringir tempo no celular. Chato. Muito chato. Mas sigo na chatice com a certeza de estar fazendo a coisa certa. (E antes que alguém diga que estou demonizando o celular, quero deixar claro que tenho as mesmas restrições para meu filho de 9 anos e seu PlayStation.)

Uma pesquisa americana revelou que mais de 40% dos adolescentes dormem menos do que as oito horas recomendadas por noite. Este dado está totalmente associado ao uso de telefones na hora de dormir. A razão é simples. Eles não querem largar a quantidade infinita de entretenimento nem a vida social que existe à mão. Ao par disso, a luz azul emitida pelos aparelhos eletrônicos compromete a liberação natural de melatonina pelo organismo. Adormecer se torna um desafio.

Com a privação do sono vem mau humor, pouca concentração nos estudos e muita irritação. A pediatra americana Leslie Walker-Harding, da Universidade de Washington, afirmou em uma entrevista recente que a falta de sono produz no adolescente os mesmos sintomas da ansiedade e da depressão. E, dependendo do conteúdo consumido nas redes sociais e sites navegados, o resultado é uma combinação de baixa auto-estima, frustração, infelicidade e, muitas vezes, agressividade e intolerância. Ou seja, além de limitar o tempo é fundamental saber como e onde este tempo é gasto.

Liberar o uso indiscriminadamente é um crime, já alertou a psicóloga Rosely Sayão. Se não deixamos nossos filhos vagando pela Praça da Sé, afirmou certa vez, por que vamos permitir essa liberdade na internet? Por outro lado, proibir e controlar cada passo não ensina, não direciona e não os prepara para a vida adulta. Em casa, seguimos algumas diretrizes: ficamos envolvidos no assunto, ficamos no controle de tempo e temos acesso a todos os aparelhos. É isso que nos resta: um olho no nosso telefone e o outro no deles!

Você pede para sua filha desligar o celular?

Atualizado em 29/08/2019.