Violência contra a mulher não deve ser aceita ou ignorada jamais. É chocante, é horrível e é inaceitável. Mais chocante ainda é saber que ela não ocorre apenas com adultos, em relacionamentos longos e desgastados. A violência está presente também em namoros de adolescentes. Nos Estados Unidos, fevereiro é o mês da Conscientização e Prevenção da Violência entre Casais Adolescentes. Lá, as estatísticas mostram que 1 em cada 10 adolescentes já foi maltratada pelo paquera/namorado. Isso mostra o quanto a violência entre casais adolescentes é comum e como o assunto merece nossa atenção.
Bom, ainda que minhas filhas não tenham namorados, gosto de ressaltar constantemente a importância de cultivar relacionamentos saudáveis e rejeitar, em qualquer situação, comportamentos abusivos. Às vezes, parece estranho tocar neste assunto, quando elas ainda são tão novinhas e a ideia de namoro é romântica, com espaço apenas para carinho e paixão. Chamo na real, pois a vida lá fora pode apresentar surpresas e eu as quero preparadas. Afinal, adolescentes que passam por relacionamentos violentos têm um risco aumentado de reproduzir este padrão na vida adulta. Quero minhas meninas fortalecidas para sair fora, gritar e deixar claro que não é não. Qualquer forma de violência – seja ela física, verbal ou emocional – é inaceitável. Não e ponto.
Na teoria, tudo parece fácil. Mas, para uma menina de 12, 13 anos, uma palavra grosseira do namorado ou o crush, por quem ela é apaixonada, pode ser apenas uma palavra grosseira. Será que ela tem repertório para identificar um padrão abusivo ou um comportamento inadequado? É isso que enfatizo em casa. Abordo coisas simples, que, daqui a pouco, podem fazer a diferença na vida delas:
- Um namoro tem que ser legal, divertido, cheio de afeto.
- Você merece sempre ser respeitada.
- Você pode usar a roupa que quiser.
- Você pode falar com quem quiser.
- Você pode ter gostos diferentes dos dele.
- Existe uma enorme diferença entre ser firme e assertivo para expor uma opinião e ser agressivo ou ameaçador.
- Não existe ‘brincadeira’ depreciativa. Não existe apelido pejorativo. Nada disso é carinhoso.
- O uso de força física, em qualquer circunstância, é inaceitável.
- O que parece estranho certamente está estranho. Na dúvida, fale com um adulto, busque ajuda. Não tolere o desconforto.
- Não é porque suas amigas consideram normal, que você precisa concordar.
- Acredite no seu feeling, aquela voz que vem lá de dentro.
- E, acima de tudo, não se sinta culpada por estar passando por uma situação constrangedora. Ninguém deve se sentir ameaçado ou intimidado num relacionamento afetivo.
Vale ressaltar que abordo as mesmas questões com meu filho. Embora ele ainda seja pequeno, é importante que esteja preparado para as mesmas questões, afinal, violência não acontece só com as meninas.
Sua filha já foi à primeira balada? Você vai sobreviver!